Edição 08/2011

Nota sobre a conotação referencial da palavra significado

A presente nota tem objetivos terapêuticos no sentido wittgensteiniano, aplicando uma metodologia correspondente. Ela explora a relação entre os significados de palavras como ‘sentido’ e ‘significado’ na linguagem ordinária e as maneiras como elas são usadas de forma semi-técnica em filosofia, nas obras de Frege e Hilary Putnam. Como resultado, alguns equívocos potenciais, resultantes de confusões entre significados, podem ser apontados.

Palavras-chave: significado, sentido, referência, semântica filosófica.

Claudio F. Costa
Doutor em Filosofia pela Universidade de Konstanz (Alemanha). Professor do Departamento de Filosofia da UFRN.

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O Realismo como Pressuposto Metafísico na Filosofia da Ciência de Karl Popper

Esse artigo discute a relação entre metafísica e filosofia da ciência na obra de Karl Popper. A referência básica para esse exame é o texto de Popper A Lógica da Pesquisa Científica. Foi organizado da seguinte maneira. Em primeiro lugar discutimos o conceito de falseabilidade como critério de demarcação. Em seguida definimos os parâmetros de discussão principalmente entre a noção de instrumentalismo enquanto oposta ao realismo. A conclusão retoma os resultados gerais e busca defender a ideia de que a filosofia da ciência de Popper pressupõe o realismo metafísico.

Palavras-chave: Popper, Metafísica, Falseabilidade, Instrumentalismo, Realismo.

Julio Cesar R. Pereira
Doutor em Filosofia. Membro do Centro Brasileiro de Pesquisas em Democracia da PUCRS.

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Montaigne, O Castelo de Si Mesmo e a Ética

Este artigo trata de um homem que é um livro e de um livro que é um homem. Trata-se de Montaigne. Na sua companhia, sinalizam-se conceitos fundamentais para compreender a noção de ética, de homem e de mundo. Para isso, detêm-se nos Essais, mas sem perder-se nos labirintos de tal obra. Uma obra que é muitas obras, de acordo com a forma de estilo, composição e argumentação. Sua importância é inegável na arte, na filosofia e na literatura. Dela, parte a instauração do espaço privado do ‘Eu’ e, assim, outra modalidade de sujeito começa a emergir. Mas como pensar a ética em Montaigne? O risco de uma resposta é o risco da precipitação. Porém, nesse pensador tudo se reelabora constantemente e tudo é matéria, exercício de pensamento. Algo é certo: impossível pensá-lo longe do castelo de si mesmo, do corpo que é a obra.

Palavras-chave: Si mesmo. Corpo. Ética

Deniz Alcione Nicolay
Mestre em Educação pelo PPGEDU/UFRGS. Doutorando em Educação pelo mesmo programa. Pesquisador da linha de pesquisa “Filosofia da diferença e educação”. Membro do DIF:artistagens, fabulações, variações. Professor assistente na área de Fundamentos da Educação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS – campus Cerro Largo RS).

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Direito a Ter Direitos e Processo Democrático

Em sua obra Origens do Totalitarismo, Arendt comemora a proclamação dos direitos humanos no século XVIII, afirmando que eles representaram um marco decisivo na história humana por colocar o Homem, e não mais Deus ou os costumes, como fonte da lei, i.e., “o próprio Homem seria sua origem e seu objetivo último” . No entanto, em seguida, Arendt critica essa noção de Homem mítico e inidentificável como uma abstração metafísica que não serve como fundamento de direitos concretos. Esta comunicação tem o objetivo de analisar a crítica de Arendt ao fundamento dos direitos humanos, visando compreender a razão para essa mudança. Acreditamos que a reflexão arendtiana demonstra que, mais do que negar teoricamente a pluralidade humana (por meio da intrínseca imposição ideológica de uma visão de homem), o problema é que a maneira como os direitos humanos foram pensados no século XVIII impede ou dialoga pouco com a possibilidade de implementação desses direitos no século XX, revelando a necessidade de repensá-los e reelaborá-los a partir das experiências desse novo contexto. Objetivamos mostrar que a denúncia arendtiana da abstração dos direitos humanos importa não em renunciar esses direitos, mas de sim compreender e afirmar a importância fundamental do Direito para o exercício da Política.

Palavras-chave: Hannah Arendt; direitos humanos, processo democrático.

Renata Romolo Brito
Doutoranda em Filosofia pela Unicamp (FAPESP/PDEE-CAPES).

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A Recepção do Ceticismo na Modernidade e O Problema do Insulamento

Neste trabalho, far-se-á uma introdução ao ceticismo pirrônico e seu desenvolvimento, bem como ao acalorado debate ocorrido na década de 1980—após a série de conferências cujos papers foram compilados sob o título de “Doubt and Dogmatism: Studies in Hellenistic Epistemology. Oxford: Claredon Press, 1980″—entre Michael Frede e Myles Burnyeat quanto à possibilidade de se viver concretamente o ceticismo e o alcance da epoché cética, demonstrando as duas interpretações standard e antagônicas sobre o assunto. Além disso, mostraremos como os principais argumentos e contra-argumentos levantados no debate Frede X Burnyeat envolvem problemas filosóficos mais recentes, como o “problema do mundo externo”. E também filósofos mais recentes, como Descartes, Kant e Moore.

Palavras-chave: Pirronismo; Insulamento; mundo externo.

Rodrigo Pinto de Brito
Doutorando em Filosofia pela PUC-Rio

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Corpo e Intersubjetividade em O Ser e o Nada

O objetivo é expor a análise da corporeidade que Sartre efetua em O ser e o nada, visando reafirmar a importância do tema para o conjunto dessa filosofia. Para tanto, o artigo analisará, de maneira mais detida, numa primeira parte, as relações entre a vivência do corpo próprio (corpo-para-si) e o mundo circundante e, numa segunda parte, a relação entre corpo e intersubjetividade, tentando apontar caminhos ainda pouco explorados pelos estudiosos de Sartre.

Palavras-chave: Corpo; Ontologia; Intersubjetividade; Fenomenologia.

Vinícius dos Santos
Doutorando em Filosofia pela UFSCar. Bolsista FAPESP.

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O Monismo Substancial e Escriturístico na Filosofia de Spinoza

O escopo deste artigo é mostrar a intuição monista de Spinoza na sua gênese de confronto com o cartesianismo e, em seguida, observar como tal visão de mundo reverberará em dois aspectos diferentes e complementares da mesma filosofia: 1. um novo modo de explicar o fundamento do mundo (na I parte da Ética); e 2. uma nova forma de leitura da Escritura, cuja essência consiste em nunca se distanciar dos próprios textos analisados, interpretando-os por si mesmos, sem nenhuma referência a qualquer princípio hermenêutico-transcendente (e, portanto, estranho) ao escrito em questão.

Palavras-chave: Substância. Deus. Monismo.

José Soares das Chagas
Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Membro do grupo de estudos “A questão da liberdade em Benedictus de Spinoza”, vinculado à UECE, e do GT Benedictus de Spinoza, inscrito na ANPOF.

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Monsenhor Emílio Silva e os Modernos: Pena de Morte já ou Moderação das Penas?

O artigo em questão trata de apresentar sucintamente a posição polêmica do pensador brasileiro Emilio Silva acerca da pena capital e opô-la às idéias de três grandes pensadores modernos, são eles: Montesquieu, Rousseau e Beccaria. Se por um lado o padre Emílio tem como idéia central a necessidade de legitimar a pena de morte como um meio eficaz de restaurar a ordem social quebrantada, para os modernos o morticínio não é capaz de afugentar e nem diminuir o ímpeto criminal. Para estes últimos, se verá, é mas eficaz acostumar espíritos a penas fortes e constantes do que desprender muita energia numa só pena que logo será esquecida. Assim podemos, sem o exagero de termos, detectar já na obra dos pensadores do séc. XVIII uma espécie de behaviorismo criminal ou seja, a idéia de que condicionar os costumes criminais é mais eficiente do que estimular a mortandade no estado de direito, o que traria um enorme mal estar.

Palavras-chave: Filosofia do Direito. Pena de morte. Emílio Silva.

Raphael Douglas M. Tenório Filho
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco.

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A Genealogia do Pensamento Trágico em Nietzsche

O presente artigo tem por base o primeiro livro publicado por Friedrich Nietzsche, O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (Die Geburt der Tragödie aus dem Geiste der Musik), de 1872. Resume-se na investigação de fatores históricos que contribuíram para a formação do pensamento do jovem Friedrich Nietzsche e de personagens que o influenciaram a desenvolver sua tese sobre “A Origem da Tragédia”. Propõe, dessa maneira, expor três movimentos ou três formas de manifestações artísticas da Grécia Antiga, apresentando esse “primeiro Nietzsche”. Para tal, cabe abordar questões referentes a uma genealogia do espírito trágico, compreendida através da dramaturgia dos três tragediógrafos da Grécia Ática, bem como dos elementos teóricos e históricos em que o autor se baseou para a elaboração do seu estudo, ou seja, aqueles referentes a literatura, a mitologia da Grécia Antiga e a música do período, sendo esta interpretada por Nietzsche como aquela que melhor exprime o impulso Apolíneo-Dionisíaco (afirmação da vida que responde ao sentido da existência).

Palavras-chave: Filosofia, Arte, Música, Tragédia, Mitologia.

Lucyane De Moraes
Mestranda em Filosofia pela Universidade Gama Filho-RJ. Graduada em Filosofia pela UFAL, tem especializações em Ensino da Arte e Direção Cinematográfica.

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Resenha: Logiques Classiques et non Classiques – Essai sur les fondements de la logique.

DA COSTA, Newton C. A . Logiques Classiques et non Classiques – Essai sur les fondements de la logique. (Trad. Jean-Yves Béziau), Paris : Masson, 1997, 275 páginas.

Maria Francisca Carneiro
Pós-Doutora em Filosofia pela Universidade de Lisboa e Doutora em Direito pela UFPR.

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Tradução: O Moinho da Dúvida Sistemática

LANGER. Susanne K. The Treadmill of Systematic Doubt; in: The Journal of Philosophy, Vol. 26, No. 14, July 4, 1929, 379-384.

Alexandre Arantes Pereira Skvirsky
Rodrigo Pinto de Brito
Yama Arruda Ke Te D’Assumpção

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