EDITORIAL
Publicar o décimo número de uma revista científica enche a nós, seus responsáveis, de alegria, contentamento e, ao mesmo tempo, de maior responsabilidade para com a empreitada a que nos lançamos.
A Revista Theoria nasceu em 2009, como iniciativa para aperfeiçoar o esforço de inserção e interação no mundo filosófico feito pela Faculdade Católica de Pouso Alegre, através de seu Curso de Bacharelado em Filosofia e, agora também, do Curso de Especialização em Filosofia. A iniciativa visava de igual modo a incentivar seus professores a produzir academicamente, dando exemplo aos alunos de empenho na reflexão.
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A Novidade do personalismo de Emmanuel Mounier
Ao sintonizar os dias atuais, nota-se que novos episódios contra a dignidade humana ocorrem diariamente. Não é estranho pensar que, aludindo no início do século XXI ao enfoque defendido por Mounier, venha-se a redescobrir que a ideia de pessoa pode contribuir muito para o nosso tempo. O pensamento de Mounier sobre a pessoa pode fornecer subsídios para um despertar pessoal que abarque os outros, promova uma ética de responsabilidade e traga consigo, nas estruturas de seu universo pessoal, a novidade, tão necessária a uma comunidade (comum-unidade) que precisa urgentemente entender-se como planetária.
Palavras-chave: Emmanuel Mounier, Personalismo, Pessoa.
Carlos Roberto da Silveira
Doutor em Filosofia pela PUC-SP (bolsista CAPES). Professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre
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Alguns Elementos da Antropologia de Paulo Freire
O artigo apresenta os principais aspectos da antropologia de Paulo Freire. Dentre esses elementos, destacam-se as concepções acerca do homem como ser no mundo e com o mundo, ser de diálogo e incabacado. Tudo isso é abordado dentro do universo da cultura. O homem, ser em situação e inacabado, ao tomar consciência dessa realidade é introduzido em um processo de conscientização que favorece a sua autonomia, entendida como retirada da imagem do opressor de dentro de si. Mediante a conscientização, o homem alcança uma visão crítica das coisas, dos fatos e da vida; isto é, desmistifica a realidade. Esse processo possibilita o resgate do horizonte utópico e o empenho histórico pela transformação social.
Palavras-chave: Antropologia. Educação. Paulo Freire.
Paulo César de Oliveira
Doutor em Filosofia pela Pontificia Università San Tommaso d’Aquino di Roma (Angelicum). Professor de Filosofia da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL). Professor Convidado do Departamento de Pós-Graduação da Faculdade Católica de Pouso Alegre.
Patricia de Carvalho
Mestre em Tecnologia Educacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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“Eles Têm Alma Como Nós”: Categorias da Filosofia Agostiniana na Definição da Humanidade dos Índios pelos Jesuítas do Século XVI
Especificar as representações de semelhança e dessemelhança utilizadas para definir a humanidade dos índios nos textos jesuíticos do século XVI é o objetivo central do presente trabalho. Para tanto, tomo como fonte de pesquisa, o Diálogo Sobre a Conversão do Gentio de Manuel da Nóbrega e algumas cartas de José de Anchieta. O texto privilegia, ainda, o resgate da tradição filosófica agostiniana e a análise de autores que discutem a atuação dos jesuítas na América Portuguesa do século XVI sob uma perspectiva crítica e, sobretudo, não-anacrônica. Faz-se, por conseguinte, um cruzamento da análise desses autores com os textos jesuíticos, especificando neles os tópicos através dos quais se podem inferir as categorias da filosofia agostiniana aí presentes. Com isso, pôde-se concluir que as representações a respeito da humanidade indígena presentes nos textos jesuíticos precisam ser relidas à luz do sujeito da enunciação da correspondência: neste caso, o padre, que interpreta o mundo sob a ótica católica. Os documentos escolhidos para esta pesquisa informam, portanto, muito mais sobre os modos de pensar e agir do padre jesuíta do século XVI do que sobre o nativo.
Palavras-chave: Alma, Jesuítas, Filosofia Agostiniana, Humanidade dos índios.
Marcos Roberto de Faria
Doutor em Educação pela PUC/SP, com Bolsa Sanduíche (CAPES) pelo Dipartimento di Filosofia da Università degli Studi di Udine – Itália (2008-2009). Professor Adjunto no Instituto de Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL). Professor Convidado do Departamento de Pós-Graduação da Faculdade Católica de Pouso Alegre.
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Sobre o “Objeto” da Metafísica: de Heidegger a Tomás de Aquino
O tema do presente estudo é o “objeto” da Metafísica, como exposto no Proœmium do Comentário à Metafísica de Aristóteles (Expositio in duodecim libros metaphysicorum Aristotelis) de Tomás de Aquino, a partir da crítica que Martin Heidegger lhe teceu no seminário por ele orientado em Friburgo, no inverno de 1929-30, publicado com o título Os conceitos fundamentais da Metafísica. No início de seu comentário, Tomás pretendia apresentar o assunto sobre o qual versa a ciência que Aristóteles tanto hesitou em denominar; como tal ciência se relaciona com as demais e por quais nomes é designada, atingindo seu objetivo com um máximo de concisão. Postulando a unidade do projeto metafísico aristotélico, o Aquinate encontrou como objeto adequado das considerações deste o ente em geral (ens commune), que teria como causas primeiras as substâncias separadas da matéria, de modo que competiria à Metafísica tratar tanto do ente em geral quanto de Deus. Para Heidegger, o que Tomás propunha seria um conhecimento confuso, pois mesclaria a pergunta pelo ente com a pergunta pelo seu fundamento, o que tornaria sua posição incongruente e insustentável. O presente estudo quer mostrar as razões da concepção tomasiana sobre o objeto da Metafísica, buscando responder às críticas de Heidegger a seu respeito.
Palavras-chave: Tomás de Aquino – Martin Heidegger – Metafísica.
Juliano de Almeida Oliveira
Mestre e Doutorando em Filosofia pela PUC-SP. Professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre-MG.
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Equilíbrio Reflexivo: Fusão Entre Interesse Individual e Comunitário na Teoria da Justiça como Equidade
Uma teoria da justiça de John Rawls reorientou o pensamento filosófico ocidental, inaugurando um novo período de reflexões sobre o tema da justiça. Construída com o intuito de oferecer “uma” teoria, a obra não apresenta um objetivo dogmático, propondo princípios de justiça, decorrentes de um acordo original hipotético, para constituir o que ele denomina de “justiça como equidade”, caracterizada pelo embasamento das regras do “justo” nas instituições. O presente artigo pretende analisar o Equilíbrio Reflexivo e os juízos ponderados na teoria da justiça como equidade. O objetivo principal é demonstrar que esta teoria é uma concepção contratual de justiça que incorpora interesses individuais e comunitários de seus cidadãos. Portanto, para John Rawls, uma sociedade justa será uma comunidade política na qual exista a prevalência da cooperação e do senso de justiça.
Palavras-chave: Justiça. Equilíbrio Reflexivo. Juízos Ponderados.
Guilherme de Oliveira Feldens
Mestre e Doutorando em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS/RS).
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A Alienação do Indivíduo em Max Horkheimer
O presente artigo busca analisar os fenômenos da alienação à luz do pensamento horkheimeriano, embasado nas transformações sociais e históricas nas quais o indivíduo vê-se inserido. Analisam-se alguns ensaios da década de trinta e quarenta, do século passado, que retratam as contradições sociais, traduzindo-as em reflexões: a racionalização dominante do pensamento e a indiferenciação do indivíduo no mundo moderno. O objetivo deste trabalho é mostrar o estatuto filosófico que o conceito de indivíduo e sua consequente alienação ocupam no pensamento do autor, como também a contradição da razão, que cada vez mais fortalecida torna o indivíduo enfraquecido na tarefa de servir à humanidade. Enfatizar que a razão encontra-se eclipsada e não destruída, permite creditar ao autor a confiança que deposita no indivíduo, na condução de uma vida humana digna.
Palavras-chave: Max Horkheimer, teoria crítica, alienação; indivíduo, sociedade, razão.
Leila Silvia Latuf Seixas Tourinho
Mestre em Filosofia pela PUC-SP. Professora de Filosofia da Faculdade Católica de Pouso Alegre/MG.
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A Importância da Escolha: Liberdade e Responsabilidade em Sartre
A filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre sustenta-se sobre três princípios básicos: o primeiro principio afirma a prioridade da existência sobre a essência. O segundo principio postula o primado da subjetividade. O terceiro, sobre a liberdade constitutiva do projeto humano. O trabalho tem por objetivo investigar a relação entre a liberdade, a responsabilidade e o compromisso ético, questões chaves para a compreensão do universo existencial e ético do homem contemporâneo. O processo existencial é definido pela livre escolha que cada um faz de si mesmo, dos valores que inventa e dos fins que persegue, no qual o sujeito vai-se fazendo no exercício de sua liberdade. Este processo vislumbra uma ética que assuma suas responsabilidades frente a uma realidade humana em situação.
Palavras-chave: Jean-Paul Sartre – Ética – Liberdade – Responsabilidade.
Wilson Mário de Morais
Mestre em Filosofia pela PUCCAMP. Professor e Coordenador do Curso de Bacharelado em Filosofia da Faculdade Católica de Pouso Alegre.
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A Práxis Educativa Popular
A educação popular, organizada no Brasil a partir da década de 1950, está fortemente ligada à ação e organização dos movimentos sociais que buscaram e buscam a transformação da realidade. Entende-se que uma práxis educativa não se refere somente às ações pedagógicas, mas também às suas intencionalidades políticas e formas de organização. A história da educação popular libertadora, de base freireana, caracteriza-se pela concepção político-pedagógica do diálogo problematizador, que propõe estimular a reflexão e a ação de homens e mulheres sobre a própria realidade e a intervir nesta. É também uma práxis histórica, que se transforma diante da realidade, mas procura manter seus princípios fundantes: o diálogo, a transformação da realidade e a articulação da diversidade com objetivos comuns, ou seja, suas dimensões pedagógica, política e organizativa.
Palavras-chave: Educação popular – movimentos sociais – Paulo Freire.
Suzana Costa Coutinho
Mestre em Educação pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL). Professora da Faculdade Católica de Pouso Alegre.
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Narrativa, Inteligibilidade e Responsabilidade: Notas Acerca do Conceito de Identidade Pessoal em Alasdair Macintyre
Frente às discussões contemporâneas acerca dos problemas referentes à constituição da identidade pessoal, o presente artigo tem como objetivo central explicitar a concepção de identidade pessoal conforme defendida por Alasdair MacIntyre no intuito de provar que tal concepção mostra-se superior ao modelo de “self” liberal moderno. Para isso, procuramos esboçar como se entrelaçam três conceitos macintyreanos fundamentais, a saber, narrativa, inteligibilidade e responsabilidade.
Palavras-chave: Narrativa, Inteligibilidade, Responsabilidade.
Jardel de Carvalho Costa
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professor do Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT.
André Wallas da Silva Sousa
Mestrando em Ética e Epistemologia pela Universidade Federal do Piauí.
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A Ontologia Hermenêutica de Paul Ricoeur
O ensaio discorre sobre a hermenêutica ontológica de Paul Ricoeur, com uma breve resenha de sua biografia e sua atualidade no diálogo com as várias disciplinas contemporâneas, especialmente com a Teologia. A sua ontologia hermenêutica oferece ao leitor um convite a se exercitar numa longa via de reconhecimento de epistemologias distintas para chegar a um equacionamento de corte efetivamente ontológico. Para se chegar à ontologia é imperativo que não se parta da mesma: eis o caminho da hermenêutica ricoeuriana.
Palavras-chave: Hermenêutica – Ontologia – Paul Ricoeur – longa via.
José Augusto da Silva
Especialista em Ensino de Filosofia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre. Graduado em Filosofia e Teologia. Professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre.
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Texto extraído de G. W. LEIBNIZ, Opera omnia. Ed. Ludovicus Dutens. Tournes: Genebra, 1768, Tomo III, pp. 499-502. Parte dessa carta também se encontra em G. W. LEIBNIZ, Discours de Métaphysique, Monadologie et autres textes. França: Gallimard, 2004 (pp. 378-380).
Juliana Cecci Silva
Tradutora, bacharel em Letras (Português e Francês) pela Universidade de São Paulo (USP). Mestranda em Estudos de Tradução pela Universidade de Brasília (UnB).
William de Siqueira Piauí
Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Baixar Tradução: Tradução: Carta de Leibniz ao matemático Dangicourt. Sobre as mônadas e o cálculo infinitesimal