Apresentamos ao público o volume VII, referente ao ano de 2015, das edições de Theoria – Revista Eletrônica de Filosofia que, a partir de agora, vem publicada semestralmente, ou seja, com dois números anuais, em julho e dezembro.
Escusamo-nos com os autores e com os leitores pela excessiva demora na publicação deste volume, mas garantimos a continuidade deste esforço de oferecer uma ágora para o debate das ideias, na busca permanente da verdade e do sentido nos mais diversos âmbitos da realidade, o que é a mola propulsora de todo o pensamento filosófico.
Contando com a gentil acolhida dos pesquisadores e demais interessados e agradecendo aos que nos confiaram seus textos para a publicação, desejamos a todos boa e proveitosa leitura.
O Conselho Editorial
Este artigo se propõe a analisar o fenômeno da fé definido como absurdo a partir da obra Temor e Tremor do filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Contudo, aqui, não se pretende traçar um determinado tipo de sentimento ou comportamento o qual fosse denominado fé, pelo contrário, o intuito é justamente sublinhar a incapacidade da razão ao tentar definir logicamente esse fenômeno. Assim, o texto não tem a mínima pretensão de colocar a fé no lugar da razão, se quer simplesmente demonstrar que a razão não é capaz de abarcar todas as coisas existentes, e que essas duas categorias pertencem a âmbitos distintos. Nesse sentido, o objetivo aqui seria o de entender porque Kierkegaard define a fé como o absurdo.
Palavras-chave: Kierkegaard. Fé. Razão. Absurdo.
Vinicius Xavier Hoste
Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal do Espirito Santo (UFES).
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O presente artigo apresenta uma abordagem filosófica da obra de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe. O objetivo do estudo é analisar a alegoria criada por Saint-Exupéry, e responder a questão da possibilidade de fazer filosofia a partir desse texto. Este estudo utilizou a metodologia da pesquisa bibliográfica, recorrendo além da obra do próprio autor, o pensamento de Luc Ferry expresso na obra Aprender a Viver, do ano de 2006, e de Jean-Philippe Ravoux, Donner um sens à l’existence, de 2008. O primeiro ponto narra um pouco da vida e da obra de Saint-Exupéry como aquele que fez de sua existência uma constante busca. No segundo, a obra é analisada em três temas interligados: primeiramente, a construção da identidade humana; num segundo momento, o encontro de significado e sentido na intersubjetividade; e por último, a morte como continuidade e retorno. No decorrer do artigo foi desenvolvida a proposta de fazer uma leitura filosófica da obra O Pequeno Príncipe, concretizando o objetivo inicial.
Palavras-chave: O Pequeno Príncipe; Identidade; Intersubjetividade; Educação; Morte.
Mauro Ricardo de Freitas
Especialista em Filosofia pela Universidade Gama Filho
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Esse texto se propõe a apresentar e discutir a racionalidade humana no âmbito da Psicologia de Senso Comum. Para esta tarefa seguiremos a argumentação de Karsten Stueber e de outros teóricos, pró e contra a assunção da racionalidade para a compreensão das ações e crenças humanas. Começaremos por mostrar que o termo racional, tal como é ordinariamente utilizado, traz consigo uma ambiguidade que tentaremos diluir. Em seguida apresentaremos resultados de experiências empíricas que atestam que o homem não age nem toma decisões embasado em parâmetros racionais. Logo após, tentaremos com Stueber e com Gigerenzer contestar os resultados de tais testes empíricos. Por fim, teceremos alguns comentários gerais acerca da racionalidade e sua importância para a Psicologia de senso comum.
Palavras-chave: Filosofia da mente; Psicologia de Senso Comum; Racionalidade
Luis Fernando dos Santos Souza
Doutorando em Filosofia pela UFC. Professor de Filosofia do IFPI.
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A releitura do problema da finalidade é um tema recorrente na filosofia de Kant e do idealismo alemão. No caso da moralidade, Kant chama o sumo Bem – vínculo necessário no qual a moralidade causa a felicidade – de ‘fim último’ ou ‘fim total’ da razão prática pura. Esse fim seria atingido mediante um progresso que tende ao infinito, mostrando a incapacidade, da parte de seres racionais finitos, de realização do mesmo sem certas pressuposições prático-metafísicas, os postulados da razão prática pura. Para Schelling, por sua vez, o ‘fim último final’ ou ‘fim último definitivo’, o Eu Absoluto, também é um progresso. Uma grande diferença, todavia, é que tal progresso envolve o término, de fato, da experiência moral, uma superação da mesma, e a independência em relação à necessidade da felicidade empírica. Esse é um importante passo, para Schelling, na superação da distinção entre sujeito e objeto, que consiste em outro importante tema do idealismo alemão. Buscaremos verificar como ambos filósofos argumentam e quais os pressupostos antropológicos em jogo.
Palavras-chave: Kant; Schelling; moralidade; felicidade; fim último.
Gabriel Almeida Assumpção
Mestre em Filosofia pela UFMG.
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Com a pretensão de lançar luz sobre a questão do originário da obra de arte, Heidegger, em A origem da obra de arte, faz considerações relevantes para a filosofia contemporânea, sobretudo para a filosofia estética. Entretanto, por meio da noção de ‘originário’ [Ursprung], o filósofo relaciona a questão ao problema pelo esquecimento do sentido do ser. É tendo como norte o esquecimento do sentido do ser que Heidegger vai pensar a questão do originário da obra de arte, a fim de buscar sua essência. Vale dizer que a investigação sobre “que é arte?” ou “que é uma obra de arte?” não é deve ser focada no artista e/ou espectador, como fazem as teorias modernas, mas sim na própria obra de arte. Assim, a questão que Heidegger propõe ao diálogo em seu trabalho é: O que é originário [Ursprung] da obra de arte? Ao tentar pensar essa questão, Heidegger proporciona uma reflexão com as noções de obra de arte e verdade e, ainda, ressalta a relação existente entre ambas.
Palavras-chave: Arte; originário; obra de arte; Ursprung.
Filicio Mulinari
Mestre em Filosofia pela UFES.
Baixar artigo: O PROBLEMA DO ORIGINÁRIO DA ARTE EM HEIDEGGER: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORIGEM DA OBRA DE ARTE
Busca-se neste artigo repensar as condições de produção da educação escolar na contemporaneidade, permeada pelo discurso da tecnologia e do virtual. Partindo-se das distinções entre nativos digitais e imigrantes digitais e seus modos de funcionamento frente ao virtual, e levando-se em conta considerações teóricas da Análise de Discurso de linha francesa, questiona-se a escola e o professores quanto aos usos que fazem da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem. Considera-se que o virtual possui um funcionamento heterárquico, descentrado e dinâmico, ao passo que a instituição escolar, constituída em moldes rígidos e pautada pela centralidade do sujeito, pela hierarquização de saberes e pela inculcação da norma, procura pedagogizar o virtual, perpetuando seu modo de lidar com o conhecimento e com os educandos, o que resulta no fracasso da adoção do virtual em seu meio. Trata-se, pois, neste caso, de questionar a instituição escola e seus modos de funcionamento em um tempo de mudança de paradigmas.
Palavras-chave: Nativos e imigrantes digitais. Virtualidade e conhecimento. Escola e poder.
Benedito Fernando Pereira
Mestre em Ciências da Linguagem e Licenciado em Letras pela Universidade do Vale do Sapucaí. Bacharel em Filosofia e Especialista em Ensino de Filosofia pela Faculdade Católica de Pouso Alegre.
Baixar artigo: A EDUCAÇÃO EM TEMPOS VIRTUAIS
O artigo que segue expõe a primeira discussão de fôlego de Heidegger sobre a liberdade depois de Ser e Tempo. Ela aparece nos escritos onde o filósofo se debruça sobre a questão do fundamento, de modo a evidenciar seu horizonte de compreensão ontológico e a distanciar das tradições racionalistas e voluntaristas. Assim, o objetivo desse artigo é reconstruir a relação que Heidegger faz entre liberdade e fundamento em dois momentos: mostrar como a liberdade é um modo de ser fundamental do Dasein; e por segundo, asseverar de que modo essa liberdade é condição de possibilidade para a própria compreensão do fundamento.
Palavras-chave: Em-vista-de. Liberdade. Fundamento. Ontologia. Heidegger.
Victor Hugo de Oliveira Marques
Mestre em Filosofia. Professor da Universidade Católica Dom Bosco.
Baixar artigo: LIBERDADE E METAFÍSICA DO DASEIN
O presente texto tem o objetivo de explorar, sob a ótica da escola francesa de análise de linguagem denominada Análise de Discurso, a ocorrência, no texto O banquete, do filósofo grego Platão, de sentidos diversos para o amor. Para a empreitada ora desenvolvida, parte-se do pressuposto de que o amor é um significante que, na obra em epígrafe, reveste-se de diversos significados. Esse fato aponta para uma compreensão bastante cara à Análise de Discurso: os sentidos das palavras não são naturais, antes eles são engendrados em conjunturas históricas que se combinam com o funcionamento estrutural da linguagem.
Palavras-chave: Amor, Sentidos, Linguagem.
João Paulo Braga Floriano
Mestrando em Ciências da Linguagem pela Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVAS.
Baixar artigo: O DISCURSO DE AMOR EM O BANQUETE
O conceito de ação desenvolvida por Arendt em sua obra A condição humana, é um dos conceitos centrais do seu pensamento político. A proposta deste texto é discutir esse conceito a partir das suas características fundamentais, a saber, a imprevisibilidade e a irreversibilidade.
Palavras-chave: Ação; Pluralidade; Política.
José João Neves Barbosa Vicente
Doutorando em Filosofia Pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
José Reinaldo Felipe Martins Filho
Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e professor do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás (IFITEG)
Baixar artigo: IMPREVISIBILIDADE E IRREVERSIBILIDADE DA AÇÃO
O presente estudo visa trazer para o debate, ainda que de modo parcial, a concepção filosófica de um dos mais brilhantes e complexos filósofos brasileiros – Henrique Cláudio de Lima Vaz –, dentre outros, nos diferentes períodos históricos do ocidente. A problemática discorrida configura-se no pensar a constituição de um ethos ocidental como pressuposto imprescindível à formação do ser humano. Concerne-se a um estudo de cunho bibliográfico. Concluímos, no decorrer do estudo, uma exaustiva e profunda tentativa de resgatar os valores da tradição a fim de reconstituir a própria cultura ocidental que se tornou líquida nessa era do relativismo. Todavia, igualmente apostamos na possibilidade de se conceber a formação humana no conviver em comunidade, no interagir, no terreno da educação, como caminho de conhecimento de si e de transformação de si na pluralidade.
Palavras-chave: Educação. Filosofia. Formação Humana. Pluralidade.
Anderson Luiz Tedesco
Doutorando em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. Professor da Universidade do Oeste de Santa Catarina.
Roque Strieder
Doutor em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba -UNIMEP/SP. Professor do Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Oeste de Santa Catarina.
Baixar artigo: A FORMAÇÃO DO ETHOS OCIDENTAL A PARTIR DO PENSAMENTO DE HENRIQUE CLÁUDIO DE LIMA VAZ
O presente artigo foi construído a partir de evidências empíricas sobre as aulas de filosofia ministradas no ensino médio, da disciplina de Filosofia em uma Escola Pública da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná no ano de 2014. É uma tentativa de mostrar que, ressignificar o cotidiano, como um conjunto de acontecimentos, pode ser oportuno para que o professor de filosofia, muitas vezes tomado pelo sentimento de estrangeiridade, propor a si mesmo, um desafio filosófico, no que se refere às suas práticas pedagógicas e aos conteúdos trabalhados. Deve-se ainda, nesse contexto, considerar que a abordagem do professor, bem como a seleção de material utilizado em sala de aula, revela em boa medida o seu modo de ver as coisas, sua opção por uma maneira de filosofar. O cotidiano é sempre possibilidade de criação, é espécie de aridez em que a experiência flui livremente e o diferente se põe em evidência. Se o professor de filosofia suportar a sensação de estrangeiridade em sala de aula, pode agir de modo diferente, isto é, produzir experiência filosófica, ou seja, quando escolhe interagir com os fatos, com os acontecimentos usando-os a favor de sua prática pedagógica.
Palavras-chave: Cotidiano. Ressignificar. Aula. Experiência filosófica. Prática pedagógica.
Mauricio Silva Alves
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professor de Filosofia na Rede Estadual de Ensino do Paraná.
Baixar artigo: RESSIGNIFICAR O COTIDIANO NO ENSINO DE FILOSOFIA: O DESAFIO DO PRESENTE
Nosso objetivo é tecer considerações introdutórias e gerais de um ponto de vista histórico-filosófico quanto à construção do conceito “número-complexo”. Dito de outro modo, consideraremos a descoberta da “incomensurabilidade” ou “desproporcionalidade” entre a diagonal e os lados do quadrado, daí o surgimento de considerações filosóficas das noções de unidade, magnitude e número; a tentativa de solução de equações cúbicas, compreensão da irredutibilidade de algumas delas e o surgimento do termo “raiz imaginária”, um quase-número, um impossível; por fim, chegamos à ampla utilização das “raízes imaginárias” que precede aquela poderosa ampliação da noção de número e construção dos números complexos (a qual só mencionaremos a título de conclusão), ratificada no plano Argand-Gauss e justificada ainda uma vez por Hamilton, o qual pode ser considerado o criador-construtor desse novo conceito de número.
Palavras-chave: Aristóteles, Euclides, Cardano, Leibniz, Euler
William de Siqueira Piauí
Doutor em Filosofia pelo Dep. de Filosofia da Universidade de São Paulo (FFLCH – USP), licenciado em matemática pelo IME – USP/Unit – SE e professor adjunto da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Baixar artigo: UMA INTRODUÇÃO HISTÓRICO-FILOSÓFICA AOS NÚMEROS COMPLEXOS